Conheça 17 Receitas portuguesas de comer e chorar por mais
No tempo da ditadura liderada por António Oliveira Salazar era habitual ouvir que a identidade de Portugal assentava na trilogia dos 3 F’s: Fado, Fátima e Futebol. O regime salazarista terminou em 1974, mas a nós parece-nos que há um elemento mais importante do que estes três F’s. Qual? O facto de todos os portugueses serem assumidamente bons garfos.
Da doçaria conventual às feijoadas, cozidos e mariscadas, há receitas para todos os gostos. A discussão sobre a melhor iguaria dava pano para mangas e, embora já tenham sido eleitas as 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa, a verdade é que todos têm alguma coisa a dizer quando o assunto é comestível. Uns preferem este em vez daquele prato e outros juram que não há melhor do que a comida da avó.
No estrangeiro, Portugal é muito conhecido pelo bacalhau, mas à medida que o tempo passa a verdade é que mais e mais petiscos têm sido reconhecidos.
Com o aumento dos turistas a visitar o país é natural que comecem as iguarias comecem a ser levadas nos corações de quem por cá passa. Arriscamos a dizer que é impossível conhecer o Porto sem pelo menos provar uma Francesinha.
A propósito de Francesinhas: será que este prato vai ter lugar nesta lista? Não querendo ferir susceptibilidades, avisamos já que por ser tão vasta é impossível incluir aqui todos os pratos da gastronomia portuguesa.
Ainda assim, decidimos arriscar e escolher algumas das mais famosas receitas provadas por cá. Mesmo que a sua favorita não esteja aqui, temos a certeza que todas elas são de comer e chorar por mais.
17 Receitas Portuguesas para quem é bom garfo
1 – Pão-de-ló de Ovar
Para começar adoçamos-lhe o paladar com um belo Pão-de-Ló de Ovar. Com uma consistência ligeiramente mole e suave, esta iguaria surge associada à doçaria conventual. Julga-se que a certa altura uma freira passou a receita para um familiar que vivia em Ovar e que começou a fazer a receita. O Pão-de-Ló de Ovar já existia antes do século XVIII e tornou-se “rival” dos vizinhos ovos-moles de Aveiro.
2 – Ovos moles de Aveiro
E para evitar guerras, não podíamos também deixar de contar a história dos ovos-moles. À semelhança da anterior, esta icónica receita portuguesa também foi criada num convento, neste caso, no Mosteiro de Jesus de Aveiro.
Reza a história que o doce surgiu para aproveitar as gemas que sobravam depois das claras dos ovos serem usadas pelas freiras para engomar os hábitos. Os ovos-moles eram tradicionalmente vendidos junto à estação de comboio por senhoras que vestiam trajes tradicionais.
3 – Folar de Carne à Transmontana
Dos doces para os salgados, rumamos agora até Trás-os-Montes. A iguaria de que lhes falamos é uma junção de massa com todo o tipo de enchidos bem típicos da região. Embora atualmente faça parte dos lanches de entradas durante todo o ano, o Folar de Carne à Transmontana é feito come-se pela Páscoa e é confecionado na Sexta-feira Santa.
4 – Toucinho-do-Céu
O Toucinho-do-Céu é uma sobremesa ibérica. Além de Portugal, o doce também é muito apreciado em Espanha, fazendo parte da tradição conventual de ambos os países.
Os ingredientes normais são as gemas de ovos, a amêndoa e a gila e atualmente é possível encontrar a sobremesa um pouco por todo o país (embora as versões mais afamadas sejam as de Guimarães, Murça e Trás-os-Montes). Chama-se Toucinho-do-Céu porque era originalmente feita com banha de porco.
5 – Tarte de Amêndoa Algarvia
A Tarte de Amêndoa Algarvia é um doce que tira partido de um dos frutos mais icónicos da região: as amêndoas. Quem passa pelo Algarve durante os meses de inverno, certamente não se esquecerá das flores brancas e rosa que invadem a paisagem mais a sul de Portugal. Além da doçaria, a tarte é usada para confecionar licores, assim como outros produtos tradicionalmente algarvios.
6 – Carne de Porco à Alentejana
A Carne de Porco à Alentejana é um prato onde a terra encontra o mar. Os ingredientes fundamentais são a carne de porco (obviamente) e as ameijoas. A história do prato tem várias versões. Julga-se que, à semelhança das alheiras, o consumo da carne de porco aumentou na altura dos cristãos-novos.
Para disfarçar a sua identidade religiosa, os judeus recém-convertidos convidavam vizinhos e amigos para a matança do porco. Desta forma, não havia dúvidas de que se tinham, de facto, convertido.
7 – Bifanas
As bifanas são um petisco comido de norte a sul. Os habitantes de Vendas Novas dizem que o prato nasceu lá e, por isso, é na cidade que se comem as melhores. No centro e sul, a febra no meio do pão é grelhada, sendo também temperada com mostarda ou um molho picante. No norte, é normalmente laminada e servida num molete (pão bijou) ensopado em molho.
8 – Chocos à Algarvia
Quem for de férias para o Algarve não pode deixar de provar os famosos Chocos à Algarvia. As receitas têm diferentes versões, mas normalmente os chocos são colocados numa frigideira e temperados com alho, cebola, azeite, vinho branco e ervas aromáticas. É depois acompanhado com batatas cozidas ou fritas.
9 – Francesinha
E não é que ela cá está? Este é talvez o prato mais icónico (e o mais delicioso) do Porto. Reza a história que durante a Guerra Peninsular, os soldados franceses costumavam comer grandes sanduiches recheadas com várias carnes e repletas de queijo.
O molho terá chegado mais tarde e a sua autoria é atribuída a Daniel David Silva, do Restaurante A Regaleira. Estávamos em 1950, quando o empregado vindo de França resolveu criar uma tosta “croque-monsieur”. Regou-a com molho e nasceu a Francesinha.
10 – Pastéis de Belém
A história dos pastéis de belém remonta ao ano de 1837, quando o Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa resolveu colocar à venda uns pastéis que rapidamente se tornaram famosos entre os turistas que ali passavam, vindos dos barcos a vapor. Com o fecho do mosteiro em 1834, a receita foi transmitida a Domingos Rafael de Alves e depois aos seus descendentes.
11 – Polvo assado no forno
O Polvo assado no forno pode ser encontrado em todo o país e nos Açores, especialmente em Ponta Delgada, onde as receitas com esta iguaria são mais abundantes.
A versão mais famosa é a assada no forno, juntamente com “vinho de cheiro”. Antes de ser confecionado o polvo costuma ficar numa marinada de 24 horas. Juntamente com o vinho, acrescenta-se alho, colora, pimenta e malagueta.
12 – Leitão à Bairrada
O leitão é uma iguaria presente na gastronomia desde o tempo dos romanos. Julga-se que a ligação do animal à Bairrada terá começado por volta do século XVII, altura em que a criação de suínos naquelas terras se tornou excedentária. Com porcos a mais, começou-se a vender mais leitões.
O primeiro documento relativo ao prato remonta a 1743, mas são vários os concelhos que dizem que o leitão é tipicamente seu. Os mais conhecidos são provavelmente a Mealhada e Águeda.
13 – Pudim Abade de Priscos
Típico da cidade de Braga, o Pudim Abade de Priscos é uma receita de Pereira Júnior, o diretor do Magistério Primário feminino no antigo Convento dos Congregados. O doce foi-lhe ensinado pelo Abade de Priscos e é uma das poucas receitas que subsiste. Com um sabor forte, o pudim é feito com ovos, vinho do porto, caramelo, canela, limão e toucinho de presunto.
14 – Sopa da Pedra
Foi em Almeirim que surgiu a famosa Sopa da Pedra. O prato está associado a uma lenda de um frade muito pobre que estava em peregrinação, e que se dirigiu a uma casa para pedir uma panela. Queria fazer Sopa de Pedra, dizia. Orgulhoso demais para pedir comida, retirou a pedra bem lavada e começou a cozinhá-la sob o olhar intrigado dos donos da panela.
À medida que ia cozinhando foi perguntando se não tinham sal ou um pouco de chouriço para dar sabor à sopa. Depois pediu batatas e feijão para engrossar o caldo e, por fim, um pouco de cenouras. No final, comeram todos a sopa e o frade guardou a pedra para a fazer a próxima.
15 – Pastéis de Tentúgal
Os Pastéis de Tentúgal eram inicialmente conhecidos como Palitos Folhados e eram produzidos no Convento das Freiras Carmelitas do Carmelo. No seculo XIX, começaram a ser vendidos primeiro pelo convento e depois por uma hospedaria famosa pelos cozinhados.
Com o tempo, o nome foi mudando e rapidamente se tornou no pastel da cidade, o Pastel de Tentúgal. A popularidade do doce cresceu durante o seculo seguinte e hoje ele é sobejamente conhecido.
16 – Tripas à Moda do Porto
As Tripas à Moda do Porto têm a sua origem no tempo do Infante D. Henrique. Na altura em que precisou de abastecer as naus rumo a Ceuta, o infante pediu aos habitantes da Cidade Invicta que lhe doassem todo o tipo de alimentos de que dispusessem.
As carnes foram limpas e partiram rumo a África, só ficaram as partes menos nobres – as tripas. Os portuenses foram então obrigados a puxar pela imaginação e assim surgiu um novo prato: as Tripas à Moda do Porto.
17 – Caldo Verde
O Caldo Verde é uma sopa muito típica do norte de Portugal. Foi levada para o Brasil pelos portugueses e nalgumas regiões do país ainda é tradição. A confeção é simples e leva batata, couve-galega e uma rodela de chouriço para dar sabor. O Caldo Verde é muito comum nos santos populares e pode ser acompanhado por um bom vinho ou por um pedaço de broa.