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Protetor solar é responsável pela morte dos recifes de coral

Protetor solar é responsável pela morte dos recifes de coral

by Tiago Leão

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E se lhe disséssemos que o protetor solar que utiliza quando vai a banhos também é responsável pela morte dos recifes de coral? Pois, nem mais. A informação foi recentemente avançada por um estudo do toxicopatologia: após várias análises, os investigadores chegaram à conclusão de que o creme que nos protege contra a radiação ultravioleta está a contaminar os ecossistemas do Havai e das Ilhas Virgens.

Mas como é que tudo isto se processa? A resposta está na oxibenzona, uma substância química,  presente nos rótulos dos protetores solares. Como provavelmente já reparou, quando vai ao mar, parte do creme é deixado na água, mas aquilo que nunca lhe passou pela cabeça é que o protetor solar que fica no oceano acaba por ter efeitos nefastos nos recifes de coral.

“Deve ser uma coisa mínima”, pensa você. Não, de acordo com este estudo, os efeitos são mais negativos do que aquilo que podemos imaginar. Ao entrar em contacto com o recife de coral, a oxibenzona vai danificar o DNA do organismo vivo, comprometendo o próprio crescimento natural do coral.

Aos poucos, o recife de tons coloridos vai ganhando um tom esbranquiçado, resultado da exposição da superfície de cálcio branco. Por outras palavras, o que acontece é que as zooxantelas, algas unicelulares que alimentam o coral, estão a morrer. Ao mesmo tempo que isto acontece, as plânulas, pequenas larvas do coral que andam de um lado para o outro, acabam por ficar presas no próprio esqueleto. A etapa seguinte é a paragem do círculo de reprodução dessas mesmas larvas, das quais todo o ecossistema está dependente.

Ao todo, estima-se que a cada ano que passa são “despejadas” cerca de 14 mil toneladas de protetor solar no oceano, todavia a oxibenzona não é exclusiva deste creme. Mesmo que não vá a banhos, ao utilizar cosméticos que contenham a substância, está a contribuir de forma indireta para a morte dos recifes de coral já que parte da água do banho também vai parar ao oceano.

 

Recifes de coral: um ecossistema ameaçado

De forma sucinta, os recifes de coral são uma junção de esqueletos calcários de corais, animais cnidários da classe Anthozoa, que juntos formam uma colónia. É em torno deles que se desenvolve uma série de outras espécies, estabelecendo-se uma verdadeira cadeia alimentar onde cada planta ou animal está dependente da outra. O maior recife de coral do mundo encontra-se nos mares da Austrália e é conhecido como a Grande Barreira de Coral.

Graças a uma série de fatores, estas colónias vivas estão sob uma ameaça cada vez maior. A poluição e as consequências do aquecimento global trazem os maiores desafios, alterando as águas e reduzindo o número de nutrientes. No comércio de peixes, é cada vez mais comum a utilização de químicos, nomeadamente o cianeto, cujo objetivo é atordoar o pescado para que  a captura seja mais fácil. Outro método muito prejudicial é a pesca com dinamite, material que inunda as águas com nitrato de potássio.

Estas e outras ações em conjunto têm levado a que se verifique um processo de descoloração preocupante dos corais. Dados recentes estimam que 10% das colónias de todo o mundo já estão mortas, razão pela qual alguns países e organizações já começaram a tomar medidas de proteção.

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