História do avião: Os irmãos que queriam voar… e voaram
Estamos a 22 de maio de 1906 quando os irmãos Orville e Wilbur Wright recebem a patente pela invenção da primeira máquina voadora auto propulsada da história, ou seja, o mais próximo daquilo que hoje conhecemos por avião.
O primeiro voo estável e controlado não foi consensual, provocando longas guerras de patentes – nas quais o conflito contra Glenn Curtis (que reconstruíra o avião de Samuel Langçey, cedido pelo Smithsonian Institute para provar que este poderia ter voado antes do dos irmãos Wright) foi o mais mediático, causando longos ressentimentos entre os dois irmãos e este instituto.
No entanto, a patente da primeira máquina voadora capaz, estável e controlada acabaria por ser atribuída aos Wright, os irmãos que teriam realizado o seu primeiro voo três anos antes da patente ser atribuída. O grande feito terá acontecido nos campos de Kitty Hawk, na Carolina do Norte, Estados Unidos.
Uma moeda ao ar determinou qual dos irmãos seria o primeiro a experimentar o engenho: Orville. E, em apenas 12 segundos e ao longo de 36,5 metros, o Flyer I – com 12, 3 metros de envergadura e 340 quilogramas – mostrou ao mundo que o homem podia afinal vencer a gravidade e voar. Naquele dia, Orville percorreu 12 metros ao longo de um carril de madeira e lançou-se aos céus, com a ajuda de um motor, asas flexíveis e um sistema de controlo assente em três eixos distintos.
Avião? O New York Times dizia que estava longe de se conseguir
Ironicamente, dias antes do voo, o jornal The New York Times vaticinava um futuro incerto para as máquinas voadoras, ao afirmar, após a aeronave de Langley se ter despenhado numa tentativa de voo, que a Humanidade estava a anos-luz de subir em direção aos céus (até então era só possível planear ou conheciam-se apenas experiências toscas com estes aeroplanos). Mal sabia o jornal que a sua previsão não podia estar mais errada!
Os irmãos Wright, comerciantes de bicicletas, provaram o contrário, investigando metodicamente os fenómenos físicos, a partir de experiências realizadas num túnel de vento caseiro, que permitiu descobrir qual a construção mais eficiente. Sem formação académica completa, prolongaram as pesquisas por anos, baseando-se nas experiências do engenheiro alemão Otto Lilienthal, que acreditava que a solução passava por imitar os movimentos das asas dos pássaros.
Os dois autodidatas mantiveram todo o projeto em segredo, de modo a evitar cópias do seu avião. E tardaram a revelar ao mundo o feito, presenciado apenas por cinco testemunhas. Naquela altura, tinham já consciência da revolução que iriam provocar ao nível dos transportes e comunicações, bem como as alterações que despertariam nos conceitos de tempo e de espaço. Aliás, é de Wilbur uma carta endereçada à irmã, na qual pedia “Diz a Orville que os seus voos causaram uma revolução nas ideias do mundo sobre a possibilidade de voar”. E não é que tinha razão?