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Guia para sobreviver a férias em família

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Guia para sobreviver a férias em família

by Tiago Leão

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Sogras muito exigentes, miúdos que não param quietos e casais com ideias demasiado diferentes. Se tudo isto junto é sinónimo de catástrofe, individualmente cada ponto é motivo suficiente para verdadeiras tempestades. A verdade é que os divórcios depois das férias não são assim tão raros e os motivos são sempre muito simples de explicar: elas já não os conseguem aturar; a eles e ao resto da família toda. E vice-versa.

Comecemos por uma semana de apresentações que tinha tudo para dar certo. Depois de uma relação que já durava há algum tempo, ela decide finalmente apresentar o namorado ao irmão. Como fazê-lo? Uma semana na Comporta parece ser o cenário ideal. Ela leva a filha. O namorado leva o filho e, juntos, encontram-se com o irmão numa casa de férias previamente alugada. De repente, uma exclamação: “eu mato-a!”, diz o miúdo de 12 anos. Na mão, traz uma faca e uma gata, cuja dona, de apenas 5 anos, desata a correr pelos corredores aos berros.

O cenário não passava de uma brincadeira de mau gosto, mas acabou por ser o motivo por detrás de uma verdadeira “tragédia” familiar. O casal não se entendia quanto aos filhos (nem quanto aos dois gatos que tinham levado) e até a sujidade da piscina era motivo de discussão. No papel de irmão, o recém-apresentado sente-se em pleno direito de intervir na educação dos miúdos, criticando os hábitos do filho do namorado. De repente, está a mandar “bocas” quanto ao ketchup em demasia, as horas tardias de deitar não lhe parecem um bom hábito e, por aí em diante, a coisa lá descamba.

Resultado final: ambos não se dão bem e o irmão acaba por “fugir” do namorado para passar mais tempo sozinho na praia ou na companhia da irmã. Esta e outras histórias – que lhe damos a conhecer a seguir – foram contadas na primeira pessoa à revista Sábado e servem como ponto de partida para explicar o quão difícil podem ser as férias em família.

Uma sogra que é, no mínimo, exigente

De acordo com Bárbara Ramos Dias, psicóloga familiar ouvida pelo mesmo órgão de comunicação, “quanto mais as pessoas se juntam, mais discussões há. No fim voltam para casa a falar do divórcio. O que chega mesmo a acontecer nalguns casos”.

Felizmente, este não foi o caso de uma empresária lisboeta e do marido, filho de italianos. Todos os anos, o casal costumava passar férias em Milão, na casa dos pais dele. Dias antes da partida, a mulher começava a entrar em stress, antevendo aquelas que, para ela, seriam as piores semanas do ano. Ora, porquê? Porque, segundo a própria, a sogra achava-se no direito de vasculhar a mala e de a perseguir como uma sentinela para onde quer que fosse. As conversas que tinham eram sempre sobre o filho, sendo que a senhora mais velha não perdia a oportunidade para criticar os cozinhados da nora. Afinal, o filho devia passar fome, dizia ela chateada.

Prevendo aquilo que já sabia o que se ia passar, a empresária preferia passar as férias sozinha, dentro do quarto da casa de Milão. Isto até que uma vez se fartou ao ponto de começar ponderar o divórcio. Para o evitar, procurou ajuda psicológica e decidiu arranjar uma maneira de falar pacificamente com a sogra. Atualmente, a relação continua a não ser ideal, mas o pior foi evitado: agora, antes de viajar, a jovem empresária procura preparar-se mentalmente, estudando como melhorar a relação com a mãe do marido.

Especialistas dizem que a situação é bastante comum, principalmente quando se trata de filhos únicos. As mães são tendencialmente mais protetoras e há inclusive estatísticas que dizem que os conflitos ocorrem com mais frequência entre elementos do sexo feminino. Quando não são mães e noras, as guerras surgem entre cunhadas ou até irmãs. Umas tentam meter-se na educação dos filhos das outras e, como seria de esperar, a coisa não corre pelo melhor.

Férias em família, mas com interesses diferentes

Outro caso bastante comum são as incompatibilidades entre casais: ele tem um trabalho monótono e quer férias num sítio cheio de vida noturna e animação; ela trabalha num ambiente agitado e prefere umas férias no campo, acompanhada de um bom livro e sem ninguém à vista num raio de cinco quilómetros. Foi mais ou menos isto que aconteceu a um casal que resolveu alugar um apartamento no Algarve. Para não irem sozinhos, decidiram chamar os familiares: ele levou os primos que já não via há uma data de tempo; e ela levou os pais.

Por incompatibilidade de idades ou de objetivos, os grupos criaram barreiras instantâneas. As rotinas nem sequer se coadunavam: os primos iam com ele para a praia de manhã e queriam sair à noite; os pais preferiam outros programas e, depois do jantar, ficavam em casa a ver televisão. Ela ficava com eles e ele saía para os bares e discotecas. Resultado: discussões a altas horas da manhã, ambientes desconfortáveis e demasiada gente ao barulho.

 

O facto de estar grávida serviu de atenuante quando regressaram a casa. Ambos fizeram o esforço para se manterem casados, mas a vez serviu de exemplo. Agora, recusam-se a marcar férias em família e, para que ninguém saia desapontado, vão de férias sozinhos. Uma semana é para eles fazerem o que quiserem individualmente. Outra é planeada em conjunto e passada em casal, sem interrupções de pais ou primos.

5 Dicas para sobreviver a férias em família

Apesar de as histórias contadas acima não serem as mais felizes, a verdade é que há quem vá de férias em família e se dê às mil maravilhas. O truque está em saber definir barreiras, respeitar o espaço dos outros e não nos metermos onde não somos chamados. Para que tudo corra bem, existem regras de convivência recomendadas por psicólogos que podem ser altamente valiosas.

1 – Não mude os horários

As refeições podem ser verdadeiras batalhas campais, principalmente quando há miúdos ao barulho. Há pais que até nem se importam que a criança coma excecionalmente esta ou aquela porcaria. Outros são intransigentes quanto ao assunto e dizem que o miúdo tem de comer comida saudável. No fundo, são apenas duas opiniões legítimas, mas quando as crianças se juntam é mais difícil explicar porque é que um come isto e outro come aquilo.

Mesmo entre adultos a decisão pode não ser pacífica. A quantidade de dinheiro gasta no restaurante ou a escolha do mesmo em função dos pratos que são servidos podem trazer verdadeiros desafios. Por esse motivo, é importante que não leve a mal se comerem noutro local, nem que o outro casal prefira jantar neste ou naquele horário. Ir de férias juntos não é sinónimo de que têm  de fazer tudo juntos.

2 – Alugue vários quartos

Quando é só uma noite, todos fazemos o esforço de partilhar o mesmo espaço, já que é no fundo esta é uma solução temporária. Todavia, quando as férias se prolongam por algum tempo, é sempre aborrecido ter de partilhar o quarto com pessoas com quem normalmente não o fazemos. No fundo, trata-se de uma questão de descontração e de “invasão de privacidade”. Alguns especialistas recomendam inclusive que não partilhe casa, salientando que o ideal mesmo é reservar um quarto para cada um.

3 – As crianças e com quem elas dormem

No que toca às crianças, é mais fácil adormece-las se estiverem num quarto individual do que se juntar filhos, sobrinhos e filhos dos amigos. Para que não fiquem demasiado elétricas, o melhor é simular as rotinas que tem em casa e não esticar demasiado a hora de deitar. Quanto aos avós, muitas vezes estes ou as crianças pedem para que fiquem no mesmo quarto. Se a relação com a sua sogra ou sogro forem tendencialmente conflituosas, o melhor a fazer é não permitir a dormida. Ao fazê-lo estará a dar legitimidade para que se metam na sua vida e para que opinem mais sobre a educação dos miúdos.

4 – Ponha os outros no lugar

Esta dica vem na sequência da anterior. Apesar de estar em família, não deixa de ser o pai/mãe e, como tal, é você que manda. Não deixe que as rotinas sofram grandes alterações e tenha cuidado para que estas não se tornem prejudiciais à sua relação com os restantes familiares.

5 – Futebol e outros assuntos polémicos

Quando as relações já são complicadas, basta que um pequeno rastilho se acenda para que, em minutos, se dê uma explosão. De um assunto, saltamos para outro e quando damos por nós já não estamos a falar de futebol, mas sim a criticar o carácter do nosso familiar. Como evitar isto? Numa fase inicial, em que ainda tem dúvidas em relação à outra pessoa, o melhor é mesmo evitar assuntos polémicos. Conversas sobre futebol e política podem ser sensíveis.

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