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As ruínas da igreja em Curon Venosta que se erguem de um lago

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As ruínas da igreja em Curon Venosta que se erguem de um lago

by Eduardo Aranha

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Quando a natureza e o homem se juntam, ainda que por acidente, para criar monumentos de grande beleza, o resultado acaba quase sempre por ser incrível. Por todo o mundo, encontramos locais memoráveis que só se tornaram verdadeiras atrações turísticas porque esta dupla se uniu.

Foi exatamente isso que aconteceu em , quase a fazer fronteira com a Suíça e a Áustria. A vila é pequena e conta com pouco mais de 2400 habitantes mas está a alguns quilómetros de distância deste monumento. As fotografias e vídeo que vemos na Internet mostram-nos por que é que este lugar é considerado uma maravilha, já que parece saído diretamente de uma história de fantasia.

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Hoje, a torre sineira da igreja que se ergue por entre as águas do Lago Resia é mais do que um monumento: é um símbolo da vila. Se olharmos para a história, há registos de que a torre da igreja foi de facto construída quando a vila se instalou ali, por volta do ano de 1300. Com a criação de um lago artificial entre o lago de Curon e o lago Resia, parte da vila ficou submersa, em 1949/50, incluindo a Igreja. Porém, este projeto foi prolongado e sofreu inúmeras interrupções ao longo de um século.

Curon Venosta: como a igreja se tornou símbolo da cidade

Este era um projeto do engenheiro Josef Duile Curon, desenvolvido durante o século XIX, que tinha como objetivo baixar a água do lago Curon (então conhecido como Mitterse) para a vila ganhar mais terreno agrícola. Porém, quando a catarata do lago rompeu e submergiu as vilas de Burgusio, Clusio, Laudes e Glorenza as obras foram suspendidas.

 

Pela altura em que se voltou a falar do projeto, esta região encontrava-se debaixo do domínio do Império Austro-Húngaro e o objetivo da mudança morfológica era outro: a criação de uma reserva para a produção de eletricidade. Após novas interrupções, o governo italiano, em 1920, acabou por adotar uma vez mais o projeto com a ideia de aumentar o nível da água até 5 metros. É assim que, em 1939, é confirmada a construção de uma barragem.

Com o rebentar da II Guerra Mundial, o projeto foi uma vez mais abandonado e os habitantes da vila acreditaram que seria totalmente esquecido. Porém, em 1947, a construção foi continuada e – apesar de protestos e reclamações da população, até mesmo junto ao Papa – foi construída uma barragem que submergiu 677 hectares de terreno. Cerca de 150 famílias ficaram desalojadas, forçadas a migrar.

Hoje, a torre da igreja é o único vestígio a provar que, debaixo daquelas águas, existiu em tempos uma vila. A torre foi, aliás, protegida pelo departamento de belas artes local e tornou-se o símbolo da vila de Em julho de 2009, os trabalhos de reabilitação urbana concluíram as suas obras, procurando reparar fissuras e substituindo ainda o telhado medieval.

No Inverno, quando o lago congela, a torre sineira pode ser visitada a pé. As lendas e mitos que se criaram desde então dizem que em certos dias de inverno é possível ouvir os sinos a repicar (algo que é, de facto, impossível, já que os sinos foram retirados antes da formação do lago em julho de 1950). Já nas estações mais quentes, o lago Resia costuma ser procurado por praticantes de kite surf.

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