Por que temos de desligar os telemóveis no avião?
Esta é uma dúvida que anda connosco mas que frequentemente ignoramos. Entramos a bordo de um avião, preparados para ir de férias e, quando os hospedeiros de bordo nos dizem para desligar os telemóveis, tablets e computadores (ou colocar em modo de avião, caso tenham essa hipótese) obedecemos sem questionar.
Pelo menos, na maior parte dos casos.
Quem nunca teve o desejo de deixar o telemóvel ligado e completamente operacional só para ver o que acontece? Bem, se já cometeu essa loucura e está a ler este post, podemos partir do pressuposto de que não aconteceu nada e o voo aterrou com toda a normalidade. Isto prova, por si só, que esta precaução é hoje praticamente desnecessária.
Ainda assim, convidamo-lo a ler este post porque, muito brevemente, vamos explicar porque insistem as operadoras aéreas em aplicar esta precaução.
Afinal, porque temos de desligar os telemóveis no avião?
Vamos começar por apontar uma investigação relativamente recente, elaborada nos Estados Unidos, que mostrou que quatro em cada dez passageiros não desliga os seus dispositivos eletrónicos nos aviões. O ator Alec Baldwin, aliás, chegou a protestar no Twitter contra esta medida quando foi retirado de um voo entre Los Angeles e Nova Iorque por se recusar a parar um jogo no seu smartphone.
Ora bem, de onde vem esta precaução? As regulamentações aéreas, que curiosamente são muito similares em todo o mundo, determinam que os dispositivos eletrónicos portáteis são proibidos abaixo de 3 mil metros de altitude. Acima desta altitude, aparelhos como computadores e leitores de música podem ser usados, mas nunca o telemóvel. Alguns regulamentos inibem até o famoso modo de avião, uma funcionalidade que podemos encontrar nos smartphones e que bloqueia o sinal telefónico.
Mas qual a razão de tais regulamentações? As regulamentações foram impostas devido ao medo de que tais dispositivos provocassem interferência nas ondas de rádio usadas pelo piloto do avião para comunicar com centrais de controlo aéreas. Uma vez que os smartphones estão ligados às redes telefónicas, ao estarem operacionais podem de facto causar algum tipo de interferência. Cada avião contém centenas de sistemas eletrónicos, conhecidos como aviónicos, que são usados para navegação, comunicação com o solo e para manter ligados e em funcionamento os mecanismos que mantém o avião no ar.
Muitos destes sistemas envolvem também sensores responsáveis por enviar informações para o cockpit. Uma vez mais, a presença de sinais nos telemóveis, que estão programados para procurar sinal mesmo quando não o têm, poderá causar algum tipo de interferência. Estamos a falar de interferências em radares e em tecnologia para evitar colisões.
Curiosamente, até hoje, não há nenhum registo de um acidente aéreo que tenha sido provocado por interferências deste tipo. No entanto, é verdade que as causas de alguns acidentes podem ficar desconhecidas para sempre. Uma caixa-negra, por exemplo, pode não identificar por que razão falhou um sistema.
Portanto, até prova em contrário, há que encarar os riscos com seriedade. Recentemente, dados apresentados pelo Sistema de Relatórios de Segurança em Aviação dos Estados Unidos mostraram 50 casos de problemas de segurança que teriam sido provocados por aparelhos eletrónicos pessoais.
Claro que isto também abre um mercado de oportunidade para algumas operadoras de aviação. Estamos a falar, por exemplo, da Virgin e da Delta, companhias que começaram a anunciar a adoção de tecnologias de voo que permitirão um uso maior de smartphones durante o voo. Algumas estão mesmo a utilizar tecnologia para que o avião permita aos passageiros a utilização de Internet, o que vem abalar ainda mais a regulamentação vigente.