Em meados do século XVI, numa altura em que a América do Sul se encontrava em processo de colonização, um grupo de monges, liderados pelo Frade Bartolome de las Casas, chega à região então habitada pelo povo Zoque. Aí, com a intenção de espalhar o Cristianismo e de fundar uma nova povoação, o grupo monástico erigiu uma igreja.
Em 1966, a construção de uma barragem na localidade acabou por resultar na submersão da igreja. O edifício já tinha sido abandonado há alguns séculos mas, mesmo assim, o facto de desaparecer debaixo da água foi notado. Com os anos, as ruínas da igreja caíram então no esquecimento das pessoas… Até que a igreja voltou a ressurgir por entre as águas.
O fenómeno aconteceu em 2015 devido à seca que atingiu a bacia do rio Grijalva e que resultou numa redução do nível de água do reservatório Nezahualcoyotl, a 25 metros. O mesmo já tinha acontecido em 2002, quando as águas baixaram de tal forma que era até possível caminhar dentro da igreja em ruínas e apreciar a arte arquitetónica do edifício.
Como seria de esperar, a igreja provocou de imediato grande comoção entre os habitantes do estado de Chiapas, no sul do México. De acordo com uma reportagem da agência AP, o pescador Leonel Mendoza, que diariamente pesca nas águas locais, disse que foi uma excelente ocasião para pôr o seu barco ao serviço do turismo.
“As pessoas celebraram. Vieram comer, passear, fazer negócios. Vendi-lhes peixe frito. Fizeram procissões à volta da igreja”, relatou Mendoza à AP.
O edifício religioso conta com 61 metros de comprimento e 14 de largura e ainda com paredes de dez metros de altura. A torre do sino chega mesmo a a alcançar os 16 metros. Melhor do que uma descrição só mesmo as fotografias que, a nós, parecem saídas de um filme de fantasia ou até mesmo de uma boa história medieval.
Mas, afinal, qual é a história desta igreja? O arquiteto Carlos Navarete, que esteve envolvido numa investigação relacionada com a estrutura da igreja, prestou alguns esclarecimentos à Associated Press.
“A igreja foi abandonada por causa de grandes pragas no período de 1773 a 1776”, diz. Na altura da sua fundação, os monges esperavam que aquele edifício funcionasse em sintonia com o mosteiro de Tecpatan, fundado em 1564. Pelas semelhanças na arquitetura dos dois edifícios é até mesmo considerada a possibilidade de que os projetos tenham sido feitos pelo mesmo construtor e erigidos na mesma época.
A proximidade da Estrada do Rei, projetada pelos conquistadores espanhóis e usada até ao século XX, explica a localização estratégica do edifício.
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