Hotel Habana Libre: se as paredes falassem teriam muitas histórias para contar
Trata-se provavelmente de um dos hotéis mais famosos do mundo: estou a falar-vos do , um edifício histórico e com acabamentos de luxo que, durante três meses, deixou de servir os propósitos turísticos para abrigar o quartel general de Fidel Castro, na sequência da sua invasão da capital cubana. Todavia, antes de chegarmos a esse momento histórico quero, em primeiro lugar, contar-vos toda a história deste hotel.
Estamos em 1958, numa época em que o clima de tensão entre os Estados Unidos da América e a União Soviética começa a aquecer. As tensões emergem, a ideologia comunista começa a propagar-se por muitos países da Europa de Leste e da Ásia, tendo sempre a Rússia como cabecilha desta União. Cuba, por esta altura, vivia num clima de instabilidade política, com movimentos rebeldes a emergirem contra a ditadura de Fulgencio Baptista.
Ainda assim, é feito um investimento de 24 milhões de dólares para a construção de um hotel na capital cubana. O hotel iria integrar a bem conhecida cadeia hoteleira American Hilton Hotels. Desenhado por Welton Becket, o edifício foi então construído, contemplando 25 andares e mais de 5680 quartos. A famosa inauguração do estabelecimento teve lugar no dia 22 de março de 1958, num evento que contou com a presença de Conrad Hilton e que se prolongou numa festa por quatro dias. O hotel tinha logo no seu início um casino, um clube noturno, uma piscina e um bar no telhado.
Porém, eis que se chega a um momento histórico: a revolução contra a ditadura batista dá uma reviravolta quando Fidel Castro consegue entrar em , no dia 8 de janeiro de 1959. Isso mudaria para sempre a história do hotel que passa desde logo a ser utilizado como quartel general para a revolução. Ainda hoje quem passar no hotel pode ir até à porta da suite 2324 – o famoso quarto que Fidel Castro ocupou durante os três meses que aí esteve instalado.
Em 2011, quando verifiquei que estava instalado apenas uns quartos ao lado do quarto Nº 2324, senti o peso da História em cima dos ombros. E por isso mesmo resolvi filmar este pequeno vídeo até à porta da suite onde outrora Fidel Castro mostrou ao Mundo os seus primeiros meses de revolução na liderança de Cuba.
Outra das maravilhas proporcionadas aos visitantes é uma vista magnífica sobre Havana, sobretudo quando o pôr-do-sol acontece, como demonstro no vídeo em baixo.
Em 1996, o hotel passou a ser gerido pela cadeia de hotéis espanhola, Sol Meliá, que o colocou na sua subdivisão Tryp e investiu em algumas renovações. É assim que se restaura o enorme mural da autora Amelia Peláez que tinha permanecido resguardado do público durante décadas. Hoje, o continua a alojar turistas que chegam a Havana vindos de todos os cantos do mundo e que procuram mais do que um hotel: procuram visitar um lugar onde se fez história.
Para finalizar este post, deixamos-lhe uma galeria com algumas imagens do Hotel Habana Libre:
Olá! Apanhei o seu interessante texto ao fazer pesquisas para um livro… de xadrez! Neste hotel disputaram-se v´rios torneios importantes, incluindo a Olimpíada (a prova máxima a nível de selecções nacionais) de 1966.
Pode, por favor, fornecer-me alguma informação adicional sobre o Salão dos Embaixadores (se é que ainda se chama assim)? Vi umas fotos, mas gostaria ter mais algum pormenor (só pus «amplo»). (Continua.)
(Cont.) Teria de ser uma coisa muito curta, para enfiar de passagem; por ex.: «muito elegante», «em estilo X», «projectado por Y», «de cores alegres». Desde já obrigado.
Saudações
Álvaro Pereira