Está na hora de visitar as 7 Maravilhas de Portugal
Portugal recebeu uma grande distinção em 2007. Na sequência de uma ideia que ocorreu ao filantropo Bernard Weber, em 2001, ficou decidido que seriam eleitas as Novas 7 Maravilhas do Mundo. Na sequência de uma votação com um alcance global, foram recebidos votos de milhões de pessoas que queriam participar na decisão das maravilhas do mundo moderno.
Este era sem dúvida um projeto sem precedentes. No entanto, o que o tornou ainda mais especial foi o facto de Portugal ter sido eleito para acolher o evento de divulgação dos resultados. O anúncio final decorreu no dia 7 de Julho de 2007, no Estádio da Luz, e contou com um espectáculo que recebeu nomes como Sir Ben Kingley, Hillary Swan, Bipasha Basu, Jennifer Lopez e José Carreras.
Transmitida para os 5 continentes do mundo, a iniciativa provou ser um verdadeiro sucesso. Foi, aliás, neste contexto que surgiu a ideia de se realizar uma votação em paralelo para eleger as 7 Maravilhas de Portugal. A ideia ganhou rapidamente fôlego e a adesão dos portugueses.
Em concurso estiveram 794 monumentos com inquestionável valor cultural, turístico e arquitetónico. Na sequência de uma primeira seleção, os monumentos passaram para uma segunda fase com um total de 77 eleitos. Por sua vez, o número foi reduzido por um Conselho de Notáveis composto por figuras de diversas áreas, até que foram finalmente encontrados os 20 finalistas. No dia 7 de dezembro de 2006 foi aberta a votação e os portugueses puderam votar naquelas que consideravam ser as “suas” 7 Maravilhas de Portugal.
Assim, foram contabilizadas 350 mil participações, sendo possível extrair os resultados das 7 Maravilhas de Portugal que se apresentam nos próximos parágrafos. A nível turístico, esta iniciativa provocou um impacto sem precedentes, resultando num aumento das visitas aos monumentos em valores superiores aos 30%.
Quais são as 7 Maravilhas de Portugal?
1 – Castelo de Guimarães
Quem é português sabe a razão por que este monumento figura entre as 7 maravilhas de Portugal. Mais do que o valor arquitetónico e militar desta fortaleza, há um detalhe histórico muito importante: o facto de que o próprio D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, terá nascido entre estas paredes, algures no século XII.
Mas não foi apenas o nascimento de D. Afonso Henriques a acontecer no Castelo de Guimarães. A história diz-nos que o primeiro rei de Portugal lutou, por detrás das muralhas, contra inimigos que montaram cerca à volta do castelo e entre os quais se encontravam mouros, castelhanos e a sua própria mãe. Hoje, pode-se ler “Aqui nasceu Portugal” à entrada do castelo, junto a uma estátua de Afonso Henriques que se mantém em eterna vigília.
Antes de cair nas mãos do Rei de Castela e Leão – que doou a propriedade ao seu genro, pai de D. Afonso Henriques – o Castelo de Guimarães terá sido fundado em 950, no topo de um monte, com o propósito de abrigar refugiados que provinham do Sul, em fuga das incursões feitas por muçulmanos e bárbaros. O Castelo de Guimarães recebe visitas do público de segunda a sexta, entre as 10 horas e as 18h horas.
2 – Castelo de Óbidos
Apesar dos muitos castelos que existem por Portugal fora, há apenas mais um entre as 7 Maravilhas e é, sem surpresa alguma, o Castelo de Óbidos. Situado perto do mar e da lagoa que dá nome à fortaleza, consta-se que o Castelo terá sido construído por muçulmanos. Prova disso mesmo são os relevos mouriscos que podemos encontrar ao longo da muralha. Após inúmeras batalhas travadas, o castelo foi anexado definitivamente ao território português por D. Sancho I, no final do século XII.
Após algumas reestruturações e expansões, o Castelo de Óbidos tornou-se num dos mais bonitos e confortáveis de Portugal. Terá sido por esse mesmo motivo que D. Dinis primeiro o ofereceu à sua esposa, a Rainha Santa Isabel, pela ocasião do seu casamento. A partir de então, o Castelo de Óbidos passou a fazer parte das Casas das Rainhas, o conjunto de propriedades delegado ao cuidado das monarcas de Portugal.
O terramoto de 1755 resultou na queda de algumas muralhas. Ainda assim, o Castelo de Óbidos continua bem preservado e a ser uma das principais atrações turísticas de Portugal.
3 – Mosteiro da Batalha
Também se chama Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mas é mais conhecido como Mosteiro da Batalha. O monumento com enorme valor histórico e arquitetónico foi mandado construir em 1386, durante o reinado de D. João I. O intuito era agradecer à Virgem Maria pela vitória contra os castelhanos na célebre Batalha de Aljubarrota, travada no ano anterior.
Apesar de ter sido ele a dar a ordem, D. João I não assistiu à conclusão das obras, que só terminaram mais de 150 anos depois. A demora na construção justifica a mistura de estilos, que vão do gótico ao manuelino, contemplando inclusive alguns aspetos renascentistas. Ao projeto inicial também acrescentadas novas divisões e compartimentos.
Durante longos séculos, o mosteiro pertenceu à ordem de São Domingos, à qual o monumento tinha sido doado ainda durante o reino de D. João I. A propriedade manteve-se até 1834, data em que as ordens religiosas foram extintas por desígnio de D. Pedro IV. Atualmente, o Mosteiro da Batalha é considerado Monumento Nacional e património da humanidade pela UNESCO.
O monumento pode ser visitado todos os dias do ano, exceto alguns feriados específicos (Natal, 1 de janeiro, domingo de Páscoa e Dia do Trabalhador). O horário de verão (de abril a setembro) é das 9h às 18h30, e o de inverno (de outubro a março) é das 9h às 17h30.
4 – Mosteiro de Alcobaça
Não há monumento capaz de melhor ilustrar a arte gótica portuguesa do que o Mosteiro de Alcobaça. Quase tão velho como o próprio país, a ideia de edificar este mosteiro em Alcobaça partiu da iniciativa da Ordem de Cister, fundado pelo monge francês que viria mais tarde a ser canonizado como S. Francisco. Porém, apesar de ter sido a primeira casa desta Ordem religiosa em Portugal, a fundação de tal mosteiro representava também um importante papel político para D. Afonso Henriques.
Em 1147, quando as forças do primeiro rei de Portugal conquistaram Lisboa e Santarém e avançaram para a Linha do Tejo, crescia a necessidade de povoar a região para que as forças inimigas não a reconquistassem de novo. Assim, D. Afonso Henriques consente em entregar uma Carta de Couto, datada a 8 de abril de 1153, para a construção de uma abadia que assegurasse o sucesso da expansão cristã.
Hoje, o Mosteiro de Alcobaça é uma das 7 maravilhas de Portugal e encontra-se aberto ao público. Além do importante valor arquitetónico que atrai por si só curiosos de todos os cantos do mundo, o Mosteiro é também conhecido pelos túmulos de D. Pedro e Inês de Castro, os protagonistas de uma das mais emblemáticas histórias de amor de Portugal.
O Mosteiro de Alcobaça pode ser visitado das 9 horas às 18h horas entre outubro e março. Se preferir fazer uma visita entre abril e setembro, pode fazê-lo das 9 horas às 19h horas. O monumento fecha portas apenas no dia 1 de janeiro, domingo de Páscoa, 1 de maio, 20 de agosto e na véspera e dia de Natal.
5 – Mosteiro dos Jerónimos
Símbolo do estilo manuelino, o Mosteiro dos Jerónimos foi mandado construir em 1496, após o pedido de D. Manuel I ao Vaticano. O objetivo era criar um panteão para a dinastia da qual o monarca também fazia parte e, ao mesmo tempo, prestar homenagem à Virgem de Belém. O local escolhido situava-se às portas de Lisboa, perto do sítio onde o Infante D. Henrique tinha mandado edificar uma igreja em honra da mesma figura. Manter viva a memória dos descobrimentos e a do próprio Infante era outra das ambições de D. Manuel I.
Inicialmente, o monumento era conhecido como Mosteiro de Santa Maria de Belém (nome que se mantém), mas com o tempo começou a popularizar-se como Mosteiro dos Jerónimos. O nome deve-se sobretudo à ordem à de São Jerónimo, a quem o edifício foi entregue. A sua história está associada aos descobrimentos e à Casa Real Portuguesa. Todos os anos é visitado por centenas de milhares de turistas, a sua grande maioria estrangeiros. Lá se encontram sepultadas personalidades da história e da cultura portuguesa, como o próprio D. Manuel I.
O Mosteiro dos Jerónimos pode ser visitado durante todo o ano. De maio a setembro, as portas abrem às 10h e encerram às 18h; de outubro a abril, o mosteiro fecha mais cedo, às 17h. O bilhete individual custa 10 euros, mas há vários descontos e promoções para grupos e famílias. No primeiro domingo de cada mês, a entrada é gratuita.
6 – Palácio Nacional da Pena
Quem olhar para o cume da Serra de Sintra vê, mesmo que ao longe, aquilo que parece uma coroa colorida, com uma grande cúpula no topo de uma torre em tons de amarelo e, não muito longe, uma outra torre de um vermelho rico e vivo. Trata-se do Palácio Nacional da Pena, uma obra que expõe ao máximo a arquitetura romântica do século XIX e que se assume como a 6.ª Maravilha de Portugal.
No século XVI, o rei D. Manuel I ordenou a construção de um mosteiro, no cumprimento de uma promessa, que seria mais tarde doado à Ordem de São Jerónimo. O plano era que o mosteiro fosse capaz de acolher pelo menos 18 monges. Porém, duas catástrofes deixaram o edifício em ruínas: primeiro, um raio que destruiu parte da torre, capela e sacristia e, em 1755, o terramoto que abalou Portugal inteiro.
Durante cerca de um século, o mosteiro não foi mais do que uma bonita ruína no topo da serra de Sintra. A ruína era tão bonita que D. Fernando II, o rei-consorte de D. Maria II, decidiu que talvez o edifício talvez pudesse ser restaurado à moda do que se usava na época e que poderia servir, no futuro, como palácio de Verão. É assim que são procurados arquitetos e que se prepara um projeto para fazer do mosteiro o Palácio Nacional da Pena.
7 – Torre de Belém
As origens da atual Torre de Belém remontam ao reinado de D. João II, altura em se projetaram as fortificações defensivas na margem do Tejo. Os planos foram depois retomados por D. Manuel I, o monarca que mandou construir a Torre de Belém. A fortaleza devia ser guarnecida com todo o material necessário para defender a foz do tejo contra qualquer ataque de navios corsários ou um país hostil.
A inovação continuou com a construção de caravelas munidas de bombardas, capazes de executar tiro de ricochete, uma técnica nova. O resultado foi de tal forma eficaz de nos anos que se seguiram não houve quaisquer queixas da população face a ataques corsários do norte de África ou das zonas mais a norte da Europa.
O sucesso fez inclusive com que o modelo da Torre de Belém fosse replicado nos territórios ocupados pelos portugueses em África e no Oriente. Atualmente, o monumento e considerado como um dos maiores símbolos da portugalidade e como Património Cultural da Humanidade da UNESCO.
A Torre de Belém encerra às segundas-feiras, mas nos restantes dias da semana é possível visitá-la a partir das 10h. De maio a setembro, podemos entrar até às 18h. Nos restantes meses, só podemos lá ir até às 17h. O valor do bilhete individual é de 6 euros, mas no primeiro domingo de cada mês pode entrar gratuitamente.
Portugal tem um passado histórico muito rico, ao ponto de Fernão Magalhães ter sido considerado o maior herói que até à data existiu. É uma pena que com o passar dos tempos, esta riqueza histórica, tenha sido desprezada e até negociada por alguns oportunistas.