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A chegada dos portugueses à África Austral

A chegada dos portugueses à África Austral

by Gonçalo Sousa

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A formação do Império Colonial Português começou com a conquista de Ceuta, em 1415, obedecendo a objectivos geo-estratégicos, políticos, económicos e religiosos. O controlo da praça marroquina permitiu à coroa portuguesa partir para a aventura marítima, vulgarmente conhecida por Descobrimentos.

Durante o reinado de D. Manuel I, em finais do século XV,  iniciou uma das mais fascinantes e brilhantes páginas da sua História. Em 22 de Novembro de 1497, a frota comandada por Vasco da Gama, ainda à procura do caminho marítimo para a Índia, dobrou o Cabo das Tormentas (descoberto e baptizado por Bartolomeu Dias em 1486, mais tarde denominado Cabo da Boa Esperança) e alcançou a terra de S. Brás, actualmente conhecida por Mossel Bay, uma praia bastante perto do local onde, segundo os paleontólogos de hoje, a raça humana teve origem.

No dia 25 de Dezembro, o navegador português avistou a terra que, em atenção ao dia, baptizou de Natal, aportando nos primeiros dias de Março de 1498 na Ilha de Moçambique. Quando a armada de Vasco da Gama atingiu a costa moçambicana, encontrou um território com um complexo sistema político, económico e social, estruturado por povos que, não só habitavam aquela zona desde o século III d. C., assim como também tinham contactos comerciais com árabes e asiáticos desde os finais do primeiro milénio, contactos esses que eram baseados na exploração do ouro, ferro e cobre da região.

Tendo como pontos de partida Sofala e a Ilha de Moçambique, os exploradores portugueses foram penetrando no interior do território, estabelecendo os primeiros entrepostos comerciais e fazendo as primeiras concessões de terras aos colonos ao longo do rio Zambeze, como medida para obter o controlo das rotas comerciais, ao mesmo tempo que asseguravam o povoamento do território pelos lusitanos.

Todo este processo teve, desde o início, de lutar contra as movimentações árabes na região, conseguindo controlar praticamente toda a costa moçambicana até ao início do século XVIII, situação que se inverteu a partir do momento em que os portugueses perderam, em 1698, o Forte Jesus em Mombaça (Quénia) para os árabes.

Em 1500, após ter descoberto o Brasil, chegou à Ilha de Moçambique o famoso navegador Pedro Álvares Cabral que rapidamente ordenou a Sancho de Tovar a exploração do sul da costa, em especial a região de Sofala.

A implantação dos portugueses em Moçambique

Ilha de Moçambique vista do espaço

Ilha de Moçambique vista do espaço

 

No entanto, só em 1505 é que a ocupação portuguesa do território da África Oriental se tornou efectiva, começando exactamente pela Capitania de Sofala, onde foi erguida a primeira fortaleza, embora de madeira unida pelo barro, com a permissão do rei indígena Yeuf. Em 1507, a Ilha de Moçambique tornou-se feitoria portuguesa, tendo sido erguido o forte de S. Rafael e criado o cargo de Governador de Sofala e Moçambique.

O comerciante navegador Lourenço Marques foi quem primeiro explorou algumas das terras que hoje pertencem ao , localizada a sul dos territórios até então ocupados pelos lusos. A majestosa Baía que banha a actual capital moçambicana foi, outrora, conhecida como Baía da Lagoa mas, em 1544, D. Manuel I mandou construir uma feitoria-fortaleza na margem direita do rio Espírito Santo e alterar o nome da Baía para Lourenço Marques, em honra ao trabalho pioneiro do português.

Com o incremento das viagens marítimas para a Índia, de onde vinham as especiarias, os metais preciosos, os tesouros artísticos, as porcelanas, sedas e madeiras, a sucessão de caravelas a cruzarem o Oceano Índico aumentava ano após ano, em resultado da plataforma comercial dominada pelos lusitanos.

As conquistas porém foram, como todas as epopeias, acompanhadas pela tragédia. As tripulações e passageiros dos navios portugueses que naufragavam nas costas do Natal e da Cafraria (actual Província do Cabo, África do Sul) dirigiam-se por terra à Baía de Lourenço Marques, para aí esperarem por um navio do Capitão de Moçambique ou partirem por terra rumo a Sofala.

ESTE É O SEGUNDO ARTIGO DA REPORTAGEM:

MANHIÇA, TERRA DE TRAGÉDIA, TERRA DE ESPERANÇA (Parte I)

CONTINUAÇÃO DA REPORTAGEM NO PRÓXIMO ARTIGO:

O célebre naufrágio de Sepúlveda

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