Já nos cantava Amália Rodrigues, na sua voz inconfundível, que um dia haveríamos de ir a Viana. Cantada aqui como um paraíso partilhado por dois jovens que ainda não se conhecem, mas que viverão o mais doce e proibido amor, a música composta por Pedro Homem de Melo ecoa pela cultura portuguesa e enraizou-se na cultura vianesa tornando-se um símbolo da cidade minhota.
Antes que prossiga com a leitura deste post convidamo-lo mesmo a ler os próximos parágrafos ao som da voz de Amália, clicando aqui. Quem passa por Viana do Castelo reconhece na cidade uma magia única que dificilmente pode ser encontrada em qualquer outro canto do país. Conjugando o melhor da cultura minhota com a simpatia da sua gente o ambiente que mantém as tradições vivas, independentemente do tempo que passe, a cidade promete ficar na memória de todos os turistas.
A cidade de Viana conta com uma identidade extremamente ligada à pesca e à ourivesaria. Basta um passeio junto ao rio ou passarmos pelo Museu do Traje para encontrarmos exemplos desta identidade, seja nas cores do traje vianesa ou na delicada filigrana dos corações dourados.
Neste post, a pensar que sim, que haveremos de ir a Viana do Castelo – e que você também irá – preparamos um roteiro com alguns dos pontos de passagem obrigatória. Boa viagem!
A carta de foral que criou a cidade de Viana de Castelo foi atribuída no ano de 1258 por Afonso III de Portugal. Na altura, a cidade não se chamava Viana do Castelo, mas sim Viana da Foz do Lima. O centro histórico mantém algumas marcas do período medieval e ao visitá-lo é possível encontrar monumentos que espelham o crescimento da cidade até aos dias de hoje.
Num verdadeiro percurso pela história, encontramos monumentos tão emblemáticos como os Antigos Passos do Concelho, a Casa da Misericórdia ou o Chafariz. Entre ruas e esplanadas, a cidade deixa um convite a provar as iguarias locais ou a passar bons momentos num ambiente descontraído, onde o presente e o passado parecem viver em harmonia.
Ao olharmos para o horizonte é impossível não ficar curioso com Monte de Santa Luzia e o seu santuário. De lá de cima, a vista é de tirar a respiração e parece ter sido pintada a pincel. Na paisagem, o verde dá origem aos telhados da cidade e conseguimos ver o casamento do rio Lima com o Atlântico. A paisagem panorâmica chegou mesmo a ser considerada como a mais bela pela National Geographic.
O Santuário de Santa Luzia foi construído no início do século XX e é uma espécie de réplica e homenagem ao Sagrado Coração de Jesus, de Paris. Lá perto encontramos a Citânia de Viana de Castelo, onde estão as ruínas dos povos que habitaram a região. Para subir ao cimo do monte, recomendamos o Funicular de Santa Luzia, um elevador construído em 1923 e que, em Portugal, é aquele que percorre o caminho mais longo.
O Gil Eanes é um antigo navio-hospital que foi ancorado no porto de Viana do Castelo e se transformou num navio-museu e numa pousada da juventude. A embarcação foi a segunda a receber o nome do navegador e foi construída no ano de 1955 nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Enquanto esteve em funções, foi navio-capitania, navio-correio, navio-rebocador e quebra-gelos e esteve associado à pesca de bacalhau. A última viagem foi feita em 1973 numa ação diplomática ao Brasil que integrava José Hermano Saraiva.
De regresso, ficou ancorado no porto de Lisboa e acabou vendido como sucata. A venda gerou polémica e depois do apelo do famoso historiador, a embarcação acabou por ser resgatada. Anos mais tarde, o navio foi reabilitado e hoje é possível visitá-lo como museu. Lá dentro podemos ver a ponte de comando, a cozinha, a casa das máquinas, o consultório médico, o gabinete de radiologia, entre outras divisões.
Junto à Praça de Republica encontramos o Museu do Traje de Viana do Castelo. O próprio edifício respira história, já que foi construído durante o Estado Novo, ficando completo em 1958. Durante vários anos foi lá que funcionou a sede do Banco de Portugal na cidade. Depois do seu encerramento em 1996, o banco foi transformado pela câmara no Museu do Traje. O objetivo era (e continua a ser) homenagear e preservar o património etnográfico de Viana do Castelo.
O traje à vianesa é diferente de todos os outros que encontramos em Portugal. As primeiras roupas começaram a ser usadas por raparigas das aldeias próximas por volta do século XIX. Assumiram características distintas durante esse século e o durante o século XX. Os trajes refletem o contexto e mostram não só as tradições/atividades económicas da cidade, como também as diferenças sociais dos que lá viviam. Alguns dos trajes em exposição foram mesmo feitos pelas pessoas que os usaram.
O Museu de Artes Decorativas foi descrito por José Saramago, em Viagem a Portugal, com as seguintes palavras: “sendo pequeno, contém, para não já falar de outras prendas, a mais completa e rica colecção de faianças portuguesas, cerca de mil e seiscentas peças que o viajante não pode estudar em pormenor, ou teria de acabar aqui a viagem.”
A história do museu remonta ao ano de 1923 e ocorreu durante as Festas da Senhora da Agonia. No início era lá que encontrávamos os achados arqueológicos recolhidos na Citânia do Monte de Santa Luzia, mas com o tempo o museu foi alargando a sua coleção para albergar objetos representativos das várias fases da história vianense. O edifício situa-se no Largo de São Domingos e, na sua origem, servia de residência de férias do arcebispo de Braga D. Rodrigo de Moura Teles, quando este se deslocava a Viana do Castelo.
O Parque Ecológico Urbano de Viana do Castelo é um espaço que pretende juntar o lazer à educação ambiental e à preservação das tradições e do património vianense. Ao todo são cerca de 20 hectares de área verde que podem ser percorridos a pé. Pelo percurso vai avistando várias aves e outros animais, numa verdadeira comunhão com a natureza.
Atividades também é coisa que não falta. Ao entrar no Parque Ecológico Urbano pode dirigir-se ao parque de merendas, visitar o espaço de leitura, os espaços de recreio juvenil e infantil, o espaço agrícola, o observatório, os prados, entre muitos outros que aqui não foram mencionados. É sem dúvida o local ideal para passar um dia na companhia da família e para levar as crianças. O parque localiza-se no estuário do Lima e para mais informações pode consultar o site do Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Viana do Castelo.
Há vários séculos que Viana do Castelo é visitada pelos que gostam de ir a banhos. Praias não faltam e cada uma tem a sua beleza própria. Neste tópico falamos-lhe de uma particularmente bela e que é conhecida pelas condições indicadas para a prática de desportos radicais.
A Praia do Cabedelo é o primeiro areal a sul do Rio Lima e divide-se em dois grandes espaços. A parte norte caracteriza-se pelos ventos fortes, o que faz com que seja indicada para o windsurf. Na parte sul, as condições são melhores para a prática de surf e kitesurf.
Ao longo dos anos, a Praia do Cabedelo tem acolhido vários eventos desportivos. O areal é relativamente pequeno, mas a paisagem convence quem lá passa. Para os adeptos de caminhadas, há passadiços agradáveis entre as dunas.
É junto à foz do rio Lima que se situa o Jardim Público da Marginal. Sempre belo e bem-cuidado, este jardim é um excelente local para se sentar num banquinho a ler um livro ou para passear numa tarde solarenga de domingo. O jardim foi construído no ano de 1881 e antigamente possuía dois portões e um gradeamento que, em 1991, foram retirados.
Apesar de se manter, independentemente da época, a beleza do jardim vai mudando de estação para estação. Na primavera, as flores adornam os relvados e no outono os caminhos ficam repletos das folhas castanhas que caem das árvores. É, sem dúvida, um local a visitar, mesmo que seja só de passagem.
Este é seguramente o ponto favorito dos mais gulosos. Afinal, quem é que nunca ouviu falar das famosas Bolas de Berlim do Natário? A confeitaria tem o nome de Manuel Natário e é gerida pelo próprio Manuel José Natário e pela sua esposa, Maria Fernanda Natário. Simpatia e sabor é aquilo que pode esperar desta antiga confeitaria que conta já com mais de 70 anos de história.
Além do reconhecimento dos vianenses, as Bolas de Berlim já foram reconhecidas pelo Prémio Mérito Comercial do Conselho Empresarial dos Bales do Minho e Lima (CEVAL) e há até histórias de grávidas que vão de propósito do Algarve a Viana para comer o doce e satisfazer os desejos próprios da sua condição. Se lá for, é provável que encontre uma pequena fila de espera. Há quem leve as Bolas de Berlim às dúzias e há dias em que são vendidas mais de mil.
O Forte de São Tiago da Barra é um castelo medieval e só ficou construído no século XIV. O objetivo era proteger as povoação de Viana do Castelo, mas ao longo dos anos a fortificação foi desempenhando diferentes papeis. Além da defesa, o Forte de São Tiago da Barra foi importante para o comércio com a Galiza, França e com a Flandres.
Localizado na freguesia de Monserrate, o forte foi reformulado e atualmente agrega um moderno Centro de Congressos e um auditório preparado para a realização de vários tipos de eventos. Apesar das reestruturações, ao visitarmos o Forte de São Tiago da Barra conseguimos ver os traços originais da fortificação.