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Valença do Minho: a história de uma cidade entre fronteiras

Valença do Minho: a história de uma cidade entre fronteiras

by Gonçalo Sousa

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Num dos extremos mais a norte de Portugal, encontramos uma antiga cidade que vive entre fronteiras. Neste post voltamos atrás no tempo para lhe dar a conhecer a sua história e para lhe falar de alguns dos episódios que estão gravados na sua identidade.

Continue a ler e saiba como surgiu Valença do Minho e quais os motivos por detrás daquela que é – senão a mais – uma das mais icónicas praças-fortes de Portugal.

Comecemos pelo princípio. Ao que tudo indica, a zona de Valença encontra-se ocupada há milhares de anos. As gravuras rupestres encontradas nas localidades em torno da cidade comprovam tal facto e julga-se que foram vários os povos que ali se fixaram graças à abundância de recursos naturais.

Falamos não só de povos ibéricos, mas também de indo-europeus, mediterrâneos e africanos que vinham em busca de animais para caçar, peixe para pescar e de um solo fértil.

A chegada dos celtas a Valença do Minho terá ocorrido por volta do século VI a. C, altura em que este povo ocupou o lado ocidental da Ibéria. Uma vez na vez na Península Ibérica, os celtas ter-se-ão miscigenado com os outros povos dando origem aquilo que os historiadores chamam de Romanos Calaicos, uma vez que habitavam na Calaecia (Galiza).

Nessa época a organização civilizacional assentava na proteção da família que, na altura, tinha um carácter muito mais alargado do que hoje concebemos.

Séculos mais tarde, deu-se um acontecimento é hoje considerado muito importante. Estávamos no ano de 137 a. C, quando se dava a chegada do Cônsul Romano Décimo Júnio Bruto às proximidades de Valença. Depois de atravessar o Lethes (Rio Lima), tido na altura como o rio do esquecimento, o cônsul dirigiu-se para o Rio Minho e, pelo caminho, montou um acampamento no local que viria a ser a freguesia de Gandra.

Mais tarde, com o imperador romano Augusto, começam a definir-se pequenas fortalezas na região, uma vez que esta era um importante via de comunicação para o império e que necessitada de ser protegida.

Depois dos romanos, vieram os suevos, cuja ousadia os levou até à bacia do Douro; e mais tarde os godos, liderados pelo famoso rei Witiza – instalado em Tui. A influência dos povos nórdicos foi tão forte que hoje em dia ainda existem topónimos com origem germânica.

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Valença do Minho: da presença árabe à conquista

A chegada dos povos muçulmanos deu-se no ano de 716. Munido de um grande exército, o árabe Emir Abdelaziz toma a Lusitânia de assalto e apodera-se das localidades a norte. Porto, Braga e Tui apenas são libertadas 30 anos depois, quando D. Afonso I afugentou os muçulmanos. Graças à invasão, a Sé de Tui sofreu danos, acabando por ser reconstruida em 915 a mando Ordonho II da Galiza e Leão.

 

Foi também por volta desta altura que se deu uma das maiores perdas da região valenciana. Tudo aconteceu quando o sanguinário Emir Ben Abi Amir (cujo nome de guerra era Almansor – Al Allah) lançou-se numa campanha de destruição rumo a Santiago de Compostela. Encontrávamo-nos, então, no ano de 997e à sua frente o árabe encontrou o Mosteiro de Ganfrei, reconstruido em 1018.

O Reino de Portugal entra em cena séculos mais tarde, mais precisamente no ano de 1186, altura em que D. Sancho I reclama a cidade de Tui para si. Ao fazê-lo, restabelece a paz com Castela, que não duraria muito. Dez anos depois, a rivalidade com Afonso IX reacende e D. Sancho I ordena que sejam construídos os primeiros muros da ainda inexistente Valença do Minho.

Já no reinado de D. Afonso II, a região é completamente arrasada por Leão e, como resposta, o rei português manda que seja repovoada. Para evitar episódios semelhantes, outorga a Carta de Foral para que se pudesse constituir uma vila capaz de se proteger a si própria. A zona foi então batizada de Contrasta (“A Que Fica À frente”).

Anos mais tarde, no século XIII, o nome volta a mudar, desta vez para Valença do Minho (“A Valente”).

O nascimento da Praça Forte de Valença do Minho

Como vimos há pouco, os sucessivos conflitos em que Valença do Minho esteve envolvida justificaram a necessidade de criar pequenas fortificações. Todavia, a Praça Forte só viria a ser construída na transição do século XII para o século XIII. Um dos primeiros objetivos para a construção foi precisamente proteger todos aqueles que atravessavam o rio Minho idos ou vindos da Galiza.

Durante a Guerra da Restauração que pretendia por fim ao domínio filipino sobre Portugal, a Praça Forte foi completamente remodelada. O responsável pelo projeto foi Miguel de l’École, um engenheiro militar francês que também trabalhou no Brasil, em Monção e em Chaves. As remodelações ajudaram os portugueses a resistirem a uma forte incursão castelhana, no ano de 1643.

Novas obras voltaram a ser realizadas em 1654, por ordem do Conde de Castelo Melhor; e em 1661 sob o comando de Manuel Pinto de Vilalobos.

Durante a segunda invasão francesa, a Praça Forte de Valença do Minho opôs-se às forças do general Soult. Apesar da resistência, os franceses explodiram a Porta do Sol e conseguiram subjugar os portugueses.

Mais tarde, já durante o período de Revolução Liberal Portuguesa, Valença apoiou o absolutista D. Miguel, sendo posteriormente tomada pelos liberais, liderados pelo inglês Charles Napier.

 

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Comments

  • 18 January, 2022

    Boa tarde,
    Estou procurando informacao por favor respeito ao sobrenome Ruibal,uma vez alguem me diz que nessa ciudade por volta do ano 1600 tinha pessoas com este sobrenome,qualquer imformacao seria muito util para mim,tentar saber mais respeito dos origens da minha familia,desde ja muito agradecido.
    Federico Martin Ruibal

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