Esta não foi a minha primeira visita à capital espanhola, nem a última, mas foi a primeira vez que me aventurei a solo. Com vista a descansar e fazer algum turismo cultural lancei-me, sem pensar duas vezes, para a cidade tantas vezes retratada pelo cineasta Pedro Almodóvar.
De todas as vezes que vou a Madrid tenho uma experiência diferente. Esta visita não foi exceção: passei dois dias fantásticos a tapear, ver filmes, passear e descansar, fazer compras e a disfrutar.
Se gosta de desafios mas também de improviso, de cidades vibrantes mas também de quietude: este artigo é para si!
Cheguei a Madrid numa sexta feira de manhã cedo. Tinha feito uma reserva de um quarto baratinho mesmo no centro, pertinho da Puerta del Sol (Porta do Sol), mas ainda era muito cedo para fazer o check-in… dirigi-me, no entanto, para lá para tentar pousar o saco que, embora pequeno, pesava.
A senhora na receção do hostal foi simpática e ficou-me com o saco. Mas o que fazer em Madrid, sexta-feira, pelas 11h da manhã? Perdi-me pelas ruas estreitas, quase desertas, e fui dar ao Mercado San Miguel. O antigo e lindíssimo mercado foi transformado numa espécie de praça de degustação com tudo o que se quer experimentar em Espanha! Já estava na hora de fazer um lanche matinal pelo que comecei com dois montaditos, azeitonas e vermú, pois claro!
Continuei o meu passeio e acabei por encontrar a Bodega de La Ardosa, que tinha visto no programa No Reservations, com o chef Anthony Bourdain, que passava na Sic Radical, onde bebi novamente o vermute espanhol caseiro: degustando algumas das suas especialidades. Fiquei almoçada!
Tinha pesquisado brevemente para saber o que estava a acontecer em Madrid ao nível das artes e, em particular, do cinema. Já tinha estado em Madrid para ir ao Documenta Madrid, um festival de cinema documental de grande qualidade e, tinha a certeza que, como sempre, haveria atividades aliciantes na Filmoteca Española mas qual não foi a minha surpresa ao descobrir um novo espaço cultural, o Matadero, que albergava o Documenta Madrid e outras associações. O Matadero localizado nos arredores de Madrid, no antigo matadouro, tinha sido recentemente convertido num enorme centro cultural. Intrigada fui até lá e acabei por lanchar e ficar a ver duas interessantes sessões de cinema. Uma delas organizada pelo movimento Cine sin autor, promotores do cinema coletivo livre. Este interessante grupo fomenta o direito de todos à criação cinematográfica.
Depois desta sessão dupla estava exausta e aproveitei para descansar, na cidade que nunca dorme. O dia tinha sido longo e bem aproveitado e ainda teria o dia seguinte para disfrutar. Deixei-me dormir e, quando acordei, dirigi-me para o bairro da Chueca. Espanha é um país perfeito para fazer compras. Há sempre coisas excecionais. Na Chueca há lojas excelentes, algumas delas de designers locais, com preços aliciantes. Comprei um chapéu-gorro de feltro, bem quentinho, e umas botas impermeáveis com padrão florido, que nunca vi em mais lado nenhum, e que ainda uso.
Para os gulosos vale a pena visitar o Mercado San Antón e é imperdível a visita ao restaurante Casa Salvador, onde comi um enorme prato de sopa caseira maravilhosa. Tive a sorte de apanhar a época das alcachofras pelo que não resisti a pedir esta iguaria: serviram-me um enorme prato cheio de alcachofras assada: deliciosas! Não consegui comer mais nada.
De tarde dei um grande passeio e depois, já cansada, meti-me num autocarro que dava a volta ao centro. Voltei ao quarto para preparar o saco para a minha partida matutina, fui ter com uns conhecidos para tapear e ainda tivemos tempo para ir beber uma copa.
Era muito cedo quando tive que bater de retirada. Apanhei o metro para o aeroporto ainda o sol não se tinha levantado. Na Puerta del Sol algumas pessoas terminavam as suas copas! Já dizia o autor norte-americano Ernest Hemingway que em Madrid ninguém vai para a cama até ter a noite estar findada…